Raça e sexualidade: ANGU celebra a “liberdade de ser quem se é” no palco do Teatro Futuros

“Expurgo toda uma cultura de morte. Porque quero ser vida”. Assim  ANGU estreia no palco do Teatro Futuro no próximo dia 16 de novembro. O espetáculo inédito escrito e dirigido por Rodrigo França, e com Alexandre Paz e Orlando Caldeira no elenco, conta seis histórias paralelas vivenciadas por pessoas negras gays – ou “bixas pretas”, buscando subverter o olhar social fetichista que as objetifica, criminaliza e hiperssexualiza. Garanta já seu ingresso aqui.

A ideia do espetáculo nasceu da vontade de falar sobre liberdade e sobre as pessoas que só desejam ser felizes, mas são impedidas porque a busca dessa felicidade tem a ver com  liberdade de ser quem se é. Para além das denúncias das violências que atingem esta camada da população, a montagem também celebra e agradece ícones como Madame Satã; Gilberto França; o bailarino Reinaldo Pepê; Rolando Faria e Luiz Antônio (Queer Les Étoiles) e Jorge Laffond.

Abordando referências artísticas da negritude, a montagem realiza uma espécie de resgate da ancestralidade preta e gay. “O sonho de Madame Satã era ser artista, mas a sociedade não deixou. Nele só se enxergava a violência, porque é o esperado para as pessoas negras. Principalmente quando se é gay. Esta interseccionalidade é demais para um país racista e LGBTQIAPN+fóbico como o nosso. O público vai encontrar um espetáculo muito sincero, para rir e se emocionar, com muita dignidade em cada personagem. Vamos ver um pouco de muita gente que só gostaria de ser feliz, mas não é uma tarefa simples, pois ser bixa preta consterna muita gente. Mesmo assim, vale a pena ser o que é”, reflete Orlando.

Em cena, personagens subvertem o esperado: a não-performance do homem negro com a sua masculinidade ultra, mega viril e heteronormativa. Um sargento da Polícia Militar que honra a sua farda, mas tem a sua sexualidade como alvo de piadas para seus colegas; um jovem estudante de enfermagem que se deslumbra com a classe média branca e deseja ser por ela incluído, porém, é somente hiperssexualizado; o sonhador que fica diariamente sentado no banco da rodoviária e se envolve numa tarde de amor em um banheiro público; o menino encantado com o que dizem do seu tio Gilberto, um homem negro gay que desapareceu no
mundo para fazer a sua arte longe da família homofóbica; Madame Satã – transformista que teve que largar a arte para viver à margem como malandro da Lapa; e uma homenagem ao Les Étoiles, icônica dupla queer negra brasileira que abriu as portas da Europa para a MPB.

“Retratamos pessoas que só desejam ser o que realmente são. Reforço a palavra ‘pessoas’, pois algumas são tão marginalizadas que a sociedade não as identifica assim. A peça é um grito. Não necessariamente de socorro, porque acima de tudo existe potência, amor, desejo e intensidade na vida. O espetáculo é um Ebó. Que saiamos do teatro limpos e reequilibrados daquilo que nos oprime, nos aliena, nos engessa de sonhar. Que o Angu nos alimente de reflexões e nos fortaleça de axé”, vibra o diretor Rodrigo França.

“Existe uma provocação para o espectador olhar para si e pensar no todo. Acho um luxo a possibilidade do público sair diferente de como entrou no teatro. Tento fazer com que as pessoas saiam da zona de conforto. Eu não saberia fazer arte sem relevância social. Sou da filosofia, tenho uma necessidade de provocar reflexões. Creio que a arte deva ocupar este lugar”, defende Alexandre Paz, idealizador do projeto ao lado de Nina da Costa Reis..

Para Victor D’Almeida, gerente de cultura do Oi Futuro, ANGU proporciona ao público a oportunidade de refletir sobre as desafiadoras vidas e cotidianos de pessoas historicamente invisibilizadas. “Nossa missão no Futuros – Arte e Tecnologia é, por meio da arte, estimular o olhar crítico e construtivo. Temos certeza de que as pessoas sairão do teatro transformadas após vivenciarem as marcantes histórias da peça. A realização de ANGU é um convite ao futuro, em que ninguém mais será impedido de buscar e expressar livremente suas individualidades, afetos e sonhos”, destaca.

A peça é uma realização da Emu com produção da MS Arte e Cultura, tem patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de
Cultura e Economia Criativa, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e apoio cultural do Oi Futuro.

 

SERVIÇO

Temporada: 16/11 a 17/12

De quinta a domingo, às 20h

Classificação Indicativa: 14 anos

Duração: 80 minutos

Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia)

*Dias 18 de novembro e 2, 9 e 16 de dezembro, sessões duplas às 17h e 20h
** Dia 25 de novembro, sessão antecipada para as 17h
*** Dia 8 de dezembro não haverá sessão

 

FICHA TÉCNICA:
Idealização: Alexandre Paz e Nina da Costa Reis
Dramaturgia e Direção: Rodrigo França
Diretor Assistente: Kennedy Lima

Elenco: Alexandre Paz e Orlando Caldeira
Stand in e Assistente de Direção: João Mabial
Direção de Movimento e Preparação Corporal: Tainara Cerqueira
Direção de Imagens e Operação de Vídeo: Carol Godinho
Cenário: Clebson Prates
Figurino: Tiago Ribeiro
Costura: Ateliê das Meninas – Maria
Visagismo: Diego Nardes
Cabelo: Lucas Tetteo
Trilha Sonora: Dani Nega
Iluminação: Pedro Carneiro
Operação de Luz: Thayssa Carvalho
Operação de Som: Igor Borges
Contrarregragem: Wil Thadeu
Fotos, Vídeo e Programação Visual: Charles Pereira
Mídias Sociais: Júlia Tavares
Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação | Bruno Morais e Gisele Machado
Administração Financeira e Prestação de Contas: eLabore.Kom | Kirce Lima
Coordenação de Produção: Alexandre Paz e Orlando Caldeira
Produção: MS Arte e Cultura
Assistentes de Produção: Igor Borges e Wil Thadeu
Produção Executiva: Anne Mohamad
Direção de Produção: Aline Mohamad
Realização: Emú Produções
Direção Executiva: Sol Miranda
Coordenação: Carolina Silva
Administrativo/Contábil: Maria Andrade

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